O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, usou suas redes sociais nesta terça-feira (7/10) para se retratar publicamente após uma declaração considerada inapropriada durante uma coletiva de imprensa. O evento visava discutir os crescentes casos de intoxicação por metanol no estado. A polêmica surgiu após o governador afirmar, em tom de brincadeira, que só se preocuparia com a situação “no dia em que começassem a adulterar Coca-Cola”. A declaração ocorreu após uma reunião com representantes do setor de bebidas e gerou críticas, considerando a gravidade do momento, com vidas em risco devido ao consumo de bebidas adulteradas.
A crise do metanol em São Paulo expõe um problema de saúde pública. Até o momento, foram confirmados 18 casos de intoxicação por metanol no estado, além de 158 sob investigação e 38 descartados. A situação já resultou em três mortes confirmadas e sete ainda sendo investigadas. A gravidade do cenário impulsionou uma ação coordenada entre o governo estadual, o setor privado e as forças de segurança para conter a circulação de bebidas adulteradas.
As autoridades paulistas investigam duas hipóteses principais sobre a origem do metanol nas bebidas. A primeira aponta para a utilização da substância na limpeza de garrafas reutilizadas, com possível falha no processo de reciclagem. A segunda, mais preocupante, sugere o uso intencional de metanol para aumentar o volume de produção de bebidas falsificadas, um coquetel potencialmente letal para os consumidores.
A Superintendência de Polícia Técnico-Científica confirmou a presença de metanol em bebidas de duas distribuidoras no estado. Diante deste quadro, o governador enfatizou a necessidade de destruir garrafas, rótulos, lacres, tampas e selos apreendidos. Recentemente, mais de 7 mil garrafas suspeitas foram recolhidas.
Especialistas alertam para a dificuldade em identificar bebidas adulteradas com metanol, já que a substância não altera a cor, o odor ou o sabor. A identificação só é possível através de testes laboratoriais. Diante disso, a orientação é que a população redobre a atenção com embalagens que apresentem irregularidades, como lacres tortos ou rótulos mal impressos, desconfie de preços muito abaixo da média do mercado e exija sempre a nota fiscal da compra.
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) está orientando seus associados a destruírem as garrafas vazias para dificultar a reutilização por falsificadores. As autoridades também recomendam que os consumidores comprem apenas em estabelecimentos reconhecidos e verifiquem a integridade dos lacres e selos fiscais.
O governo de Tarcísio de Freitas estabeleceu uma parceria com o setor privado para combater a falsificação de bebidas. As medidas em discussão incluem a criação de propostas legislativas para endurecer as penas para os falsificadores, a destruição de bebidas com origem duvidosa e o aperfeiçoamento da logística reversa das garrafas. Um programa de qualidade para distribuidores e comerciantes também está em desenvolvimento.
Investigações policiais paralelas buscam desmantelar as redes de distribuição das bebidas adulteradas. Até o momento, não há indícios de envolvimento de facções criminosas na falsificação.