O dólar registrou forte valorização nesta sexta-feira, ultrapassando a marca de R$ 5,50 e atingindo a maior cotação em mais de um mês. Essa alta foi impulsionada por uma combinação de fatores, incluindo preocupações fiscais no cenário brasileiro e novas tensões comerciais envolvendo Donald Trump e a China, o que gerou uma onda de aversão ao risco nos mercados globais.
O principal índice da B3, o Ibovespa, acompanhou o movimento negativo do câmbio, encerrando o dia com queda de 0,60%, aos 140.859,07 pontos. A depreciação da moeda brasileira refletiu a crescente preocupação dos investidores estrangeiros, que reduziram sua exposição ao mercado local.
No âmbito doméstico, o debate em torno de um possível pacote de estímulos governamental para 2026, ano de eleições, reacendeu o temor de deterioração das contas públicas. O pacote, estimado em até R$ 100 bilhões, envolveria isenções e novos benefícios sociais, gerando questionamentos sobre sua forma de financiamento.
A recente derrubada da Medida Provisória 1.303, que previa um aumento de arrecadação de até R$ 46 bilhões em dois anos, também contribuiu para o aumento da incerteza fiscal. Sem essa receita, o mercado teme que o governo recorra a medidas pontuais, como a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
No cenário internacional, as ameaças de Donald Trump de impor novas tarifas sobre produtos chineses reacenderam as tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China. O temor de uma nova guerra comercial impactou negativamente os mercados de commodities e de países emergentes, aumentando a busca por ativos considerados mais seguros.
Apesar do enfraquecimento global do dólar frente a outras moedas fortes, como o euro e o iene, o real seguiu na contramão, demonstrando a influência dos fatores domésticos na desvalorização da moeda brasileira. A aversão global ao risco se soma ao temor de uma possível reversão da trajetória de queda da taxa básica de juros (Selic), caso a política fiscal comprometa a estabilidade de preços.
O Ibovespa chegou a apresentar um leve avanço no início do pregão, impulsionado por medidas de estímulo ao crédito imobiliário e pela valorização das commodities metálicas. No entanto, o otimismo não se sustentou, e o índice acionário brasileiro fechou o dia em queda, refletindo o impacto negativo do cenário fiscal e internacional.