A rotina de entregadores de aplicativos, marcada por jornadas extensas, trânsito intenso e escassas pausas, impacta significativamente a saúde física e mental. O trabalho nas ruas expõe esses profissionais a um alto risco de fadiga, dores musculares e desgaste psicológico.
Um estudo do IBGE e da Unicamp apontou que o Brasil possuía aproximadamente 589 mil entregadores de aplicativo em 2024. A maioria é composta por homens (98%), negros (68%) e indivíduos com ensino médio completo (63%), o que demonstra a vasta população submetida a essa rotina extenuante.
O estado de alerta constante imposto pelo trabalho nas ruas, com a necessidade de cumprir prazos, lidar com trânsito e o risco de acidentes, gera uma pressão contínua que dificulta o relaxamento. Este estado prolongado está ligado ao aumento da ansiedade, irritabilidade e dificuldades para dormir, comprometendo a qualidade do descanso.
O isolamento social e a falta de reconhecimento no trabalho também contribuem para o desgaste psicológico. Sinais como o consumo elevado de energéticos ou álcool, lapsos de atenção e pensamentos de desistência são indicativos da sobrecarga emocional enfrentada.
A ausência de vínculos formais agrava a sensação de vulnerabilidade, uma vez que os entregadores não contam com apoio institucional para ampará-los em momentos de necessidade.
Adicionalmente, longas horas sobre motos ou bicicletas, transportando mochilas pesadas, sobrecarregam a musculatura e as articulações, especialmente nos ombros, pescoço e coluna. A manutenção da mesma posição por longos períodos diminui a lubrificação das articulações e exige mais da musculatura, elevando a probabilidade de dores persistentes e lesões crônicas.
A ausência de pausas adequadas na rotina prejudica a recuperação muscular. Sem intervalos, o corpo não tem tempo para se recuperar, aumentando as chances de sobrecarga de articulações, músculos e tendões.
As vibrações do veículo e os movimentos repetitivos podem gerar alterações na postura, desequilíbrios musculares e fadiga.
A falta de tempo entre as entregas leva muitos profissionais a optarem por alimentos ultraprocessados, ricos em açúcares e carboidratos refinados, como opções rápidas. Esse padrão de alimentação aumenta o risco de desequilíbrios metabólicos, inflamação, ganho de gordura visceral e doenças crônicas, como diabetes e problemas cardiovasculares.