O CEO da Ford expressou preocupação com o futuro das vendas de veículos elétricos, sinalizando que as políticas do ex-presidente Donald Trump podem impulsionar o mercado de carros a gasolina em detrimento dos modelos elétricos.
Jim Farley, CEO da montadora, mencionou o possível fim de um incentivo fiscal de US$ 7.500 para compradores de veículos elétricos e a flexibilização de regras sobre emissões de poluentes como fatores que podem reduzir significativamente a demanda por esses veículos. Segundo Farley, a participação dos carros elétricos no mercado americano, atualmente em torno de 10%, pode cair pela metade.
“Não me surpreenderia se as vendas de veículos elétricos nos EUA caíssem para 5%”, afirmou durante uma conferência em Detroit. O mercado de elétricos, segundo ele, pode ser “muito menor do que pensávamos”.
A avaliação surge em meio a mudanças no setor automotivo, com montadoras adiando planos de produção de veículos elétricos e investindo em modelos a combustão interna e híbridos. A Ford, em particular, tem enfatizado a importância da escolha do consumidor em relação ao tipo de combustível, ao mesmo tempo que busca alternativas para uma estratégia focada em elétricos de menor custo.
A divisão de elétricos da Ford, Model-e, registrou perdas significativas no segundo trimestre, e a empresa prevê que poderá acumular perdas bilionárias nos próximos anos. As vendas de elétricos da montadora nos EUA também apresentaram queda acentuada, impactadas pelo envelhecimento dos modelos e pela suspensão temporária de um modelo devido a um recall de segurança.
Farley vê oportunidades em modelos híbridos, afirmando que os elétricos puros seriam mais adequados para deslocamentos diários de curta distância, que representam apenas uma pequena parcela do mercado. A Ford estaria buscando adicionar a produção de híbridos em suas fábricas de baterias e veículos elétricos.
A montadora possui diversas fábricas de baterias em construção, incluindo uma no Kentucky, além de duas fábricas dedicadas a veículos elétricos. Diante das possíveis mudanças políticas e da demanda ainda incerta, a Ford enfrenta o desafio de decidir o futuro dessas instalações.